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Seleção Brasileira

Racismo após goleada da Argentina no Brasil escancara omissão da Conmebol e vergonha no futebol

Foto: Reprodução/ X

Torcedores argentinos publicam postagens racistas após goleada sobre o Brasil. Entenda por que o futebol sul-americano precisa agir com firmeza contra o preconceito

A goleada incontestável da Argentina sobre o Brasil, por 4 a 1, no Estádio Monumental de Nuñez, deveria ser lembrada apenas pela aula de futebol apresentada pelos donos da casa. Mas parte da torcida argentina, nas redes sociais, decidiu transformar uma noite histórica em mais um capítulo vergonhoso de racismo no futebol sul-americano.

Logo após o apito final, milhares de publicações comemorando a vitória começaram a circular. No entanto, um número significativo delas vinha acompanhado de imagens de macacos, comentários ofensivos e ataques de cunho racial direcionados a jogadores brasileiros. O que deveria ser uma celebração da superioridade técnica virou um retrato claro do ódio racial que ainda é alimentado nas arquibancadas — e também nas timelines.

Infelizmente, este não é um caso isolado. O racismo vindo de torcedores sul-americanos tem se repetido com frequência assustadora em jogos intercontinentais. Em diversas partidas contra clubes brasileiros, torcedores foram flagrados imitando macacos, jogando cascas de banana e fazendo gestos abertamente racistas. Há registros em confrontos contra Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Atlético-MG e outros. Em quase todos os casos, as punições foram brandas, quando existiram.

O caso Luigi: o racismo na base que reflete o topo
A situação recente do futebol sul-americano mostra que o problema não está restrito aos grandes estádios e aos jogos da seleção. No último mês, Luigi, atleta do Palmeiras Sub-20, foi vítima de ofensas racistas durante uma partida contra o Independiente del Valle, pela Libertadores Sub-20.

O próprio jogador revelou ter sido chamado de “macaco” por torcedores adversários, enquanto disputava a partida em Quito. Em um ambiente que deveria promover o desenvolvimento de jovens talentos, o preconceito racial aparece como um obstáculo cruel e desumano.

A resposta da Conmebol: Tarzan sem Chita
Com a pressão crescente, a Conmebol anunciou uma reunião emergencial com federações e embaixadores para discutir os recentes casos de racismo. A reunião está marcada para esta quinta-feira e promete “debater soluções concretas” para o problema. Mas há razões para duvidar da efetividade desse gesto.

No mesmo evento em que prometia combater a discriminação, o presidente da entidade, Alejandro Domínguez, usou uma analogia completamente inapropriada. Disse que uma Libertadores sem clubes brasileiros seria como “Tarzan sem a Chita”. A frase teve impacto imediato e foi duramente criticada, especialmente pelo contexto: um dirigente falando sobre racismo e, minutos depois, usando um exemplo que remete ao imaginário colonial e racista. Domínguez pediu desculpas, mas o estrago estava feito.

Enquanto isso, o Cerro Porteño divulgou uma nota pública comprometendo-se com a “contenção” de atos discriminatórios, investigando o caso e prometendo ações educativas e preventivas. Apesar da formalidade do texto, a sensação é de que tudo faz parte de um ritual de apaziguamento — onde se fala muito, mas se faz pouco.

Não é folclore. É crime. E precisa ser tratado como tal
A impunidade é o combustível do preconceito. Enquanto as entidades esportivas tratarem o racismo como um problema menor — muitas vezes resumido a multas simbólicas ou suspensões ineficazes —, torcedores continuarão se sentindo à vontade para reproduzir esse tipo de comportamento, certos de que não haverá consequência real.

O futebol sul-americano vive um momento delicado. Dentro de campo, a competitividade e a paixão seguem em alta. Mas fora dele, a doença do racismo cresce à sombra da omissão. É preciso endurecer. É preciso punir com rigor. Clubes, federações e confederações precisam ser responsabilizados pelas ações de seus torcedores.

Não se trata de rivalidade. Não se trata de provocação. Trata-se de crime. Racismo não é folclore, não é parte da cultura, não é exagero de torcedor. É uma ferida aberta que expõe o pior da sociedade, dentro de um ambiente que deveria promover união, respeito e diversidade.

Momumental também teve ato racista direcionado aos torcedores brasileiros
Dentro do próprio Estádio Monumental, um episódio lamentável foi registrado. Um torcedor argentino foi flagrado imitando um macaco em direção à torcida brasileira, em mais uma demonstração explícita de racismo.

O ato, presenciado por diversos torcedores e registrado em vídeos que circularam nas redes sociais, evidencia que o preconceito não se limita ao ambiente digital — ele continua vivo, presente e audacioso também nas arquibancadas físicas, diante da complacência das autoridades de segurança e da ausência de medidas punitivas imediatas.

A vitória argentina foi inquestionável. Mas a festa de parte da torcida perdeu completamente o sentido quando cruzou a linha do preconceito.