Diretor jurídico do Corinthians revela dívida total de R$ 2,4 bilhões e explica plano do RCE, criado para organizar pagamentos e evitar bloqueios judiciais.
O Corinthians deu um importante passo na tentativa de reorganizar suas finanças ao apresentar oficialmente o plano de Regime Centralizado de Execuções (RCE), mecanismo que tem como objetivo organizar o pagamento de dívidas cíveis do clube de forma estruturada. Vinícius Cascone, diretor de negócios jurídicos do Timão, foi o responsável por explicar os detalhes da proposta, ressaltando que o plano já havia sido protocolado anteriormente e voltou à discussão devido a um julgamento sobre a validade do regime.
Bloqueios judiciais e atraso de salários motivaram mudança
Segundo Cascone, o Corinthians enfrentava dificuldades operacionais por causa dos bloqueios judiciais frequentes, que chegaram a atrasar salários de jogadores e prestadores de serviço. Inspirado em um modelo já adotado pelo Santos, o RCE foi a solução encontrada para estancar esse ciclo de bloqueios e permitir que o clube tenha previsibilidade nos pagamentos.
R$ 2,4 bilhões em dívidas acumuladas
Durante a entrevista à Rádio Bandeirantes, Cascone revelou que a dívida total do Corinthians é ainda mais alta do que o valor inicialmente previsto no plano do RCE. Segundo ele, o clube acumula hoje cerca de R$ 2,4 bilhões em débitos. Esse montante inclui R$ 817 milhões em tributos, R$ 677 milhões ligados à Arena Corinthians, além de outras obrigações civis e comerciais.
No plano do RCE, foram incluídos R$ 377 milhões, que correspondem a dívidas com credores cíveis. O restante das pendências está sendo tratado por meio de outras frentes jurídicas, incluindo negociações específicas para a dívida da Arena e uma tentativa de transação tributária com a Receita Federal para reorganizar os pagamentos fiscais.
Conflito com André Cury evidenciou necessidade do plano
O clube voltou a ter contas bloqueadas em janeiro por uma ação do empresário André Cury, que alegou que o Corinthians teria agido de forma irregular ao incluir certos contratos no RCE. Cascone, ao comentar o caso, afirmou que o empresário desejava receber o valor integral de forma imediata, o que seria inviável diante da situação financeira atual do clube. Ele defendeu que o plano visa garantir que todos os credores sejam tratados de maneira igualitária.
Clube busca reconstruir imagem de forma transparente
Apesar da resistência de alguns credores, Cascone afirmou que há abertura para diálogo com a maioria deles. A postura de transparência, segundo ele, tem sido bem recebida por diversos agentes, clubes e empresas que têm valores a receber do Corinthians. O plano do RCE, portanto, é apenas uma das ações dentro de um projeto mais amplo de recuperação financeira.